Elias Dhlakama repudia ataques e defende paz face a diferendos eleitorais no país
Elias Dhlakama, membro do Conselho Nacional da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) repudiou hoje os ataques armados no Centro do país e defendeu uma solução pacifica para diferendos eleitorais.
"Ninguém está interessado em fazer uma guerra, apesar desse estrondoso roubo de votos em Moçambique", referiu, Elias, irmão do histórico líder da Renamo, Afonso Dhlakama, em declarações à Lusa.
Sobre as queixas de fraude relativas às eleições gerais e provinciais de 15 de outubro, "os órgãos do partido vão ter de tomar uma decisão", mas essa não deve consistir em "disparar armas".
Elias Dhlakama repudia a ação de grupos de guerrilheiros dissidentes do braço armado do partido, suspeitos de protagonizarem ataques nas províncias de Manica e Sofala que desde agosto já provocaram 10 mortos.
A polícia moçambicana anunciou na quarta-feira a detenção de seis homens que supostamente iriam recrutar mais elementos para alargar a zona de ataques à província da Zambézia.
Os detidos disseram receber ordens de Mariano Nhongo, dirigente militar da Renamo que se revoltou em junho e formou a autoproclamada Junta Militar do partido, com o suposto apoio de dirigentes descontentes com a liderança de Ossufo Momade - apontando Elias Dhlakama como um deles.
"Eu me distancio desses homens e suas afirmações", disse hoje à Lusa, considerando que "podem ter sido instrumentalizados" para fazer determinadas afirmações, refletindo movimentações para destabilizar o partido da oposição.
"Tudo o que faço é com conhecimento do partido. Não vejo necessidade de apoiar ações dessas e de andar a disparar na estrada. Para ganhar o quê, para resolver o quê", questionou.
Elias Dhlakama foi o segundo candidato mais votado quando Ossufo Momade foi escolhido para presidente, no congresso do partido, em janeiro, e hoje declara-se como um membro que veste a camisola, como o fez na campanha eleitoral, tendo sido eleito como deputado pelo círculo de Sofala.
"Neste momento não há razão para conflito. Não resolve nada", sublinhou, dizendo que a violência armada não faz outra coisa "senão destruir o país" e sugerindo o diálogo como solução para a violência armada.
Ataques de grupos armados no Centro do país, nas províncias de Manica e Sofala, já provocaram 10 mortos desde agosto, numa zona onde permanece um número incerto de guerrilheiros dissidentes da Renamo que tem ameaçado recorrer à violência armada caso não sejam ouvidas as suas reivindicações relativas à reintegração na sociedade e nas forças de defesa e segurança.
O presidente da Renamo, Ossufo Momade, tem se distanciado da violência, referindo que os homens armados que estão sob comando do partido permanecem acantonados no âmbito do processo de desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR) previsto no acordo de paz que assinou com o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, a 06 de agosto.
Os ataques contra viaturas e outros alvos no Centro não são inéditos: o mesmo tipo de violência naquela região aconteceu em 2015, em período pós-eleitoral, quando Afonso Dhlakama (antigo líder da Renamo) rejeitou a vitória da Frelimo, mas negando o envolvimento nos confrontos.
No plano político, as eleições deste ano reforçaram o poder da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) nas províncias e parlamento, bem como a votação em Filipe Nyusi ao conquistar o segundo mandato presidencial.
A Renamo aguarda pelo acórdão do Conselho Constitucional sobre os resultados eleitorais para reunir os seus órgãos, depois de ter contestado o apuramento, alegando fraude.
IN SAPO NOTICIAS